Moeda Rara

Mato Grosso - Barra de ouro 1813 | Mato Grosso - Gold bar 1813

 

Ouro - Mato Grosso - Barra de ouro 1813, nº 104, ÚNICA

Toque 23 e 5/8 quilates e o peso de 6 Marcos, 0 onças, 3 oitavas e 5 grãos que correspondem a 1.388 gramas; Ano do ensaio: 1813 pelo ensaiador IBDF


A mais pesada barra de ouro do Brasil.
No reinado de D. Pedro “foi bastante significativa a descoberta de regiões auríferas no Brasil, que logo passaram à exploração, tendo em 1703 entrado em funcionamento a Casa de Cunho do Rio de Janeiro, que assim auxiliava a de Lisboa no fabrico da moeda, tão necessária ao desenvolvimento do País, firmada que foi a paz com a Espanha após o longo período da Guerra da Restauração. Já no reinado de D. João V, em 1714, começa a laborar a Casa de Cunho da Baía e em 1724 é aberta a Casa de Cunho de Minas Gerais. As moedas cunhadas vinham para Lisboa, onde eram contabilizadas, ao mesmo tempo que quantidades de ouro, em barra e em pó, vinham também para as oficinas da capital, afim de manterem uma laboração constante. Com D. José, as moedas de ouro mais pequenas começam a ser batidas em menor quantidade e nos finais da governação de D. Maria I é já rara a sua cunhagem. Isto leva a que no Brasil se usem as pequenas pepitas e o ouro em pó nas transacções particulares, não passando este ouro pelos registos da Fazenda, onde era cobrado o «quinto para a Coroa», ou seja, o imposto de 20 para o erário público sobre o ouro minerado. Foi então proibido, entre particulares, a circulação desse ouro bem como a sua utilização para pagamentos, devendo os garimpeiros, à saída dos locais de extracção, entregar o seu ouro nas Repartições localmente instaladas, onde era pesado, retirado o imposto e fundido o restante, do qual se fazia uma barra, que era marcada com o cunho da oficina, o toque do ouro em quilates, o número de ordem da barra, o seu peso em marcos e todas as restantes fracções, como onças, oitavas e grãos, ou só estas no caso das barras mais leves, o ano do ensaio e a marca do ensaiador.

Estas barras, com os pesos mais díspares, peso esse que dependia apenas da quantidade do ouro que cada um tinha encontrado, uma vez oficializadas podiam circular livremente, e serem entregues em quaisquer pagamentos, ao Estado ou a particulares, pelo valor correspondente ao toque e ao peso que tinham marcados, o que de facto passou a suceder, circulando como verdadeiras moedas.
Numisma apresenta nesta venda a maior barra de ouro do Brasil hoje conhecida, a qual foi fundida e registada na oficina de Mato Grosso, com o nº 104, no ano de 1813, com o peso de 6 marcos, 3 oitavas e 5 grãos, que correspondem a 1.388 gramas, calculadas pelo peso de 229,5 gramas no marco. O seu teor, de 23 quilates e 5/8, corresponde a ouro de 984,375 milésimos. Terá, assim, 1.366,3 gramas de ouro fino.

Esta peça, naturalmente única, como são todas as barras, pela improvável coincidência de outro registo com o mesmo teor e a mesma quantidade de ouro, esteve até ao corrente ano sem ser dada a conhecer.

Só em 29 de Julho do corrente ano é que o conhecido perito brasileiro Kurt Prober a viu, atestando a sua autenticidade. A barra foi, também, já analisada quanto ao teor de ouro, verificando-se que coincide com o que tem marcado. É, assim, uma peça digna de museu, que impressiona pelo seu tamanho e pela beleza sóbria.

 

 

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Gold - Mato Grosso - Gold bar 1813, No. 104

Gold content 23 and 5/8 carats with a weight of 6 marks, 0 ounces,
3 eighths and 5 grains which correspond to 1,388 grams;
Year of assay: 1813 by the IBDF assay office

 

A significant number of regions containing gold were discovered in Brazil in the reign of D. Pedro which were worked and in 1703 the Casa de Cunho mint of Rio de Janeiro entered into operation, which thus helped Lisbon to manufacture coins which were essential to the development of the country, as re-established by the peace with Spain after the long period of the War of Restoration. During the reign of D. João V, in 1714, the Casa de Cunho mint of Baía started operation and in 1724 the Casa de Cunho mint in Minas Gerais was opened. The coins which were struck came to Lisbon, where they were counted as well as quantities of gold, in the form of bars and powder, which were also sent to the capital’s workshops, so as to ensure continuous operation. During D. José’s time, smaller gold coins were struck and at the end of D. Maria I’s reign minting was rare. This meant that in Brazil small nuggets and gold powder were used for private transactions, with this gold not being registered at the Treasury, where “a fifth for the Crown”, was levied, that is, a tax of 20% entering the public purse for mined gold. The circulation of such gold between private individuals was prohibited, as well as its use for payments, with the prospectors, upon leaving their mines, having to hand over their gold to the locally set-up Tax Offices, where it was weighed, and the tax levied and the rest melted down into a bar, which was marked with the seal of the office, the amount of gold in carats, and the sequence number of the bar, its weight in marks and all the remaining fractions, such as ounces, eighths and grains, or only the latter in the case of lighter bars, the assay year and the seal of the assay office.

These bars, with extremely varied weights, a weight which solely depended on the quantity of gold found in each, when made official in this way, could freely circulate, and be handed over as payment for anything, whether to the State or a private individual, for the value corresponding to the content and weight which had been marked. This was indeed the case, and they circulated like actual coins. Numisma will be presenting at this auction the largest gold bar from Brazil that is presently known. It was melted down and registered at the Mato Grosso office, as No. 104, in 1813, with a weight of 6 marks, 3 eighths and 5 grains, which correspond to 1,388 grams, calculated by the weight of 229.5 grams in the mark. Its content of 23 carats and 5/8, corresponds to gold of 984.375 millesimal fineness. It thus has 1,366.3 grams of fine gold.

This is of course a unique piece, as all the bars are, with the improbable coincidence of another having been recorded with the same amount and quantity of gold not being known as of the present year.

As recently as 29 July of the present year the known Brazilian expert Kurt Prober inspected it and attested to its authenticity. The bar was also analysed in terms of its gold content, and it was verified to be the same as that marked. It is thus a piece worthy of belonging in a museum, with its impressive size and its restrained beauty.

 

Fonte: Numisma Leilões - # 100 Out 2014 

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