Moeda Rara
Dobra 1730 Bahia (4º Tipo)
O reinado de D. João V tem um lugar de destaque na numismática mundial. No seu sistema monetário encontramos 14 moedas de ouro de valores diferentes, ( exceção ao ensaio de ouro, Duas Moedas 1711, de que se conhecem dois exemplares ). São verdadeiras peças de arte, altamente valorizadas. Do dobrão ao cruzado novo, da dobra de 24 escudos ao cruzadinho, o monarca, que governou entre 1706 e 1750, cunhou moedas em várias partes do mundo, desde o Brasil a Goa, passando por Lisboa, Porto e Moçambique.
Um dos expoentes máximos destas moedas é a dobra. Uma delas, a de 24 Escudos, é a maior moeda de ouro cunhada em Portugal. As dobras são muitas raras, principalmente as da Bahia. Numisma durante 45 anos de atividade, desde julho de 1976 a outubro deste ano, vendeu apenas 60 exemplares, desta casa da moeda, porém, colocou em leilão várias centenas de dobras cunhadas nas casas da moeda de Minas Gerais e do Rio.
Estas moedas têm quatro tipos de reversos com diferentes desenhos das armas de D. João V. Constatamos que a maioria são do tipo 1 e 2, sendo muito raras as do tipo 3 e 4. Dos 60 exemplares vendidos pela Numisma, apenas 10 eram do tipo 3 e 4, (6 exemplares –tipo 3) e (4 exemplares – tipo 4 ). Na Coleção Porto Vintage I, em 2015, a dobra de 1730 - 3º tipo, com serrilha original, atingiu preço de martelo 61.000€, (este exemplar tinha sido vendido no leilão 29, da Numisma em 17 de outubro de 1996) e em 2016, na mesma coleção Porto Vintage II, também a dobra de 1730 - 4º tipo atingiu, preço de martelo 46.000€.
Importa referir que as dobras com serrilha original, designada por corda são muitíssimo mais raras que as de serrilha de cordão. Um decreto de 29 de novembro de 1732 acabou com a cunhagem das Dobras de 8 Escudos e mandou substituir a serrilha original, de corda por cordão.
Teixeira de Aragão, no livro onde descreve a história das moedas cunhadas pela monarquia portuguesa, destaca o facto, já referido, de se alterarem os desenhos das armas do Reino. “Nos Escudos e Dobras de D. João V, além das marcas monetárias, nota-se variedade no feitio e ornamentação das armas do Reino, tendo os abridores ordem de assim as alterarem todos os anos em que se faziam cunhos novos. No período desde 1722, ano em que começaram a cunhar estas moedas, até 1732, em que se mandou acabar com semelhante prática, houve imensas mudanças de desenho nos ornatos nas quatro espécies nas diversas oficinas monetárias”, escreve.
No Catálogo Oficial das Moedas Brasileiras – Bentes – Rodrigo Maldonado, refere-se que todas as cunhagens das dobras foram escassas “o que faz com que, sejam muito procuradas por colecionadores no Brasil e no exterior, sendo as cunhagens da Casa da Moeda da Bahia extremamente raras e preferidas”. Estas moedas circularam “amplamente no hemisfério ocidental, especialmente na América do Norte e, por mais incrível que possa parecer, também na Austrália”. Na edição de 2013, refere-se que a dobra de 1730 da Bahia dos tipos 3º e 4º , sem qualquer registo de presença em leilões nos últimos 10 anos , o que mais uma vez prova a raridade destes exemplares.
João Xavier da Motta, no seu livro Moeda do Brazil, 1645-1888, editado em 1889, referindo-se à criação da Casa da Moeda da Bahia, afirma que “pela Carta Regia de 23 de Março de 1694 foi comunicado ao Governador da Bahia a Lei de 8 de Março do mesmo anno, que mandou estabelecer esta Casa para cunhar só moeda provincial, isto é – do Brazil, sendo as de ouro e de prata emittidas com valor superior ás do reino para assim se conservarem na circulação, prohibindo-se com penas graves a sua exportação”.
De acordo com informação disponível no site da Casa da Moeda brasileira, Bahia foi a primeira Casa da Moeda do Brasil tendo sido transferida, em 1698, para a Junta do Comércio do Rio de Janeiro, tendo retornado a Salvador, na Bahia, em 1714. Foi extinta em 1830.