Moeda Rara

12 XERAFINS 1840

A 16 de maio de 1821 “assentou praça de aspirante na Armada Nacional, onde subiu os postos até capitão-de-fragata, tendo sido deputado em várias legislaturas e encarregado de comissões de confiança, tanto no continente do Reino como no Ultramar”. Estas são as primeiras linhas que Teixeira de Aragão, na sua obra de 1880 intitulada “Descrição Geral e Histórica das Moedas Cunhadas em Nome dos Reis, Regentes e Governadores de Portugal”, dedica a José Joaquim Lopes de Lima.

 

Trata-se do 112º Governador da Índia Portuguesa, tendo desempenhado o cargo entre 24 de setembro de 1840 e 27 de abril de 1842. Foi em 1840 que se cunhou a moeda de ouro de 12 Xerafins, da mais alta raridade. A Numisma levou a leilão, em dezembro de 2015, um destes raros exemplares com um preço inicial de 7.500 euros e que atingiu o valor final de 11.000 euros. Na época de José Joaquim Lopes de Lima foram ainda cunhadas Rupias, Pardaus, Meios Pardaus, Tangas e Meias Tangas.

 

A moeda de 12 Xerafins foi cunhada no reinado de D. Maria II (1834-1853), o mesmo em que se criou o Banco de Portugal, por fusão entre o Banco de Lisboa e a Companhia Confiança Nacional. Em 1836, a rainha adotou o sistema decimal, o que levou à substituição da Peça pela Coroa. A moeda de 12 Xerafins foi das últimas de ouro cunhadas pelos portugueses na Índia, tendo sido também cunhada com a data de 1841, sendo esta apenas a data referida por Teixeira de Aragão.

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Num texto publicado no número 39, da segunda série, da revista NVMMVS, em 2016, sobre moedas de ouro indo-portuguesas, Rui Centeno, presidente da Sociedade Portuguesa de Numismática, considera que as moedas da Índia Portuguesa cunhadas em 1840, no reinado de D. Maria II, são de “elevada raridade”.

 

A monarca portuguesa nasceu no Rio de Janeiro e durante o seu reinado registaram-se várias revoltas, uma consequência das rivalidades entre liberais e absolutistas. Apesar disso, D. Maria II lançou uma série de reformas na educação e na administração do território, tendo criado escolas industriais e agrícolas e dividido em reino em 17 distritos e três ilhas adjacentes.

 

Quanto a José Joaquim Lopes de Lima, enfrentou uma revolta do batalhão provisório que o obrigou a “largar o poder ao Conselho do Governo em 27 de abril de 1842”. Ainda recuperou o Governo, mas acabaria por ser nomeado governador de Solor e Timor. Mas, segundo Teixeira de Aragão, “o governo da Metrópole, considerando que ele exorbitara das instrucções que levara, mandou-o recolher ao Reino debaixo de prisão”. Faleceu a 8 de novembro de 1852 “durante a viagem nas alturas de Batavia, onde ficou sepultado”. Batavia era a capital das Índias Orientais Holandesas e corresponde hoje a Jacarta, capital da Indonésia.