Moeda Rara

500 Reais Governadores do Reino (janeiro a julho de 1580)

Reino de Portugal, 1580. Vivia-se em plena crise de sucessão. Eram seis os possíveis candidatos ao trono de Portugal, mas apenas três com possibilidades legais, entre eles Filipe II de Espanha, neto de D. Manuel e filho da imperatriz D. Isabel.

O cardeal D. Henrique, que tinha sucedido a D. Sebastião, morreu a 30 de janeiro de 1580 e o poder ficou, provisoriamente, nas mãos de cinco Governadores do Reino: D. Jorge de Ataíde, D. João Mascarenhas, Francisco de Sá, Diogo Lopes de Sousa e D. João Teles de Meneses. O seu estatuto só lhes permitia o uso de prerrogativas reais em determinadas circunstâncias.
Três dos cinco Governadores defendiam a entrega da coroa a Filipe II mas o povo aclamou D. António, prior do Crato, e quando isso aconteceu estes governadores foram pedir proteção ao embaixador de Castela, tendo sido salvos da fúria da população e seguido num barco em direção a Ayamonte. Acabariam por regressar ao Algarve e indicar Filipe II como rei de Portugal.

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Mal-amados pela população, os Governadores são também visados de forma pouco simpática por Teixeira de Aragão na sua obra “Descrição Geral e Histórica das Moedas Cunhadas em nome dos Reis, Regentes e Governadores de Portugal”. Diz o numismata que “dos cinco governadores, três eras reconhecidos parciais de Castela” e por isso “em tais homens não podia o povo achar a garantia da liberdade pátria”.

Apesar dos tempos conturbados e dos seis meses de governação, ficariam na história da numismática portuguesa com três moedas hoje consideradas da mais alta raridade: 500 Reais, em ouro, e Tostão e Meio Tostão, em prata. Estas moedas foram mandadas “cunhar pelos Governadores, sem alterarem a ordenança estabelecida por D. Sebastião e continuada por D. Henrique”, refere Teixeira de Aragão.

Na sua obra “Livro das Moedas de Portugal” Ferraro Vaz refere que a Casa da Moeda de Lisboa “bateu em nome dos GVBERNATORES ET DEFENSORES REGNORVM PORTUGALIAE espécies de ouro em prata”. Afirma ainda que todas as moedas “são muito raras apesar das emissões se terem multiplicado, mormente dos 500 Reais, como se verifica pelas diferentes legendas registadas”.
Cunhada em Lisboa, a moeda de ouro de 500 Reais dos Governadores do Reino apresenta as armas do reino e a Cruz da Ordem de Cristo.