Moeda Rara

S.Tomé 1633 - GOA

Entre 1521 e 1853 o nome de S. Tomé não estava apenas associado ao apóstolo ou à ex-colónia portuguesa descoberta em 1470 pelos navegadores João de Santarém e Pêro Escobar. A partir do reinado de D. João III (1521-1557) o nome S. Tomé passou também a designar moedas de ouro cunhadas na Índia Portuguesa pelo menos até ao reinado de D. Maria II (1834-1853). Estas e outras informações podem ser lidas num artigo de Joaquim Fronteira publicado no sétimo volume (1962-1965) do Nvmmvs, Boletim da Sociedade Portuguesa da Numismática. O autor refere cerca de 200 “exemplares diferentes” catalogados “pelo reinado, pela data ou por outro atributo importante”.

 

Portugal começou a cunhar moedas nos territórios indianos no século XVI, quando Afonso de Albuquerque era governador. Goa, Malaca e Diu foram as casas monetárias onde se bateu ou fundiu moeda de ouro para a Índia. Um dos mais raros S. Tomé da numismática portuguesa é o de 1633, cunhado em Goa durante o reinado de D. Filipe III (IV de Espanha) (1621-1640), último monarca a exercer o trono português durante o período em que a coroa espanhola governou Portugal entre 1580 e 1640.

 

Segundo conta Teixeira de Aragão, na sua obra “Descrição Geral e Histórica das Moedas Cunhadas em Nome dos Reis, Regentes e Governadores de Portugal”, D. Filipe III “tratou os diversos reinos, unidos à Coroa de Castela, como países conquistados, impondo-lhes com dureza a sua vontade absoluta”.

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Na Índia Portuguesa, no tempo de D. Filipe III, o cargo de Governador foi exercido por sete pessoas, desde o conde almirante Francisco da Gama até João da Silva Tello de Menezes. Na altura em que o S. Tomé 1633 foi cunhado o governador e vice-rei era D. Miguel de Noronha, que fez inovações nas moedas de ouro e prata “o que desenvolveu atritos e provocou Reais reclamações”, como recorda Ferraro Vaz na sua obra “Dinheiro Luso-Indiano”. Teixeira de Aragão refere uma carta régia de 11 de abril de 1632 que “diz ser a alteração feita na moeda de oiro e prata objeto tão grave, que não deveria executar-se sem o consentimento de el-rei”.

 

O S. Tomé 1633 cunhado em Goa no tempo de D. Filipe III é hoje uma moeda rara, do qual se conhecem apenas dois ou três exemplares. Nela figuram o escudo de Portugal, ladeado pelo G e A, correspondente ao local de cunhagem, e a imagem de S. Tomé.

 

LINK PARA O ARTIGO DO JOAQUIM FRONTEIRA
http://ler.letras.up.pt/uploads/ficheiros/11919.pdf