Moeda Rara
REAL F (D.Fernando I - 1367-1383)
“D. Fernando continuou com as moedas usadas no reino em tempo de seu pai, modificando pouco depois o peso da de oiro, e a lei na de prata; lavrando os Reais à semelhança de Castela e mais tarde, apertado pelas urgências da guerra, inventou outras de bilhão, variadas no peso e preço e de nomes inteiramente novos”. Foi assim que Teixeira de Aragão, na sua obra “Descrição Geral e Histórica das Moedas Cunhadas em Nome dos Reis, Regentes e Governadores de Portugal”, resumiu a atividade de cunhagem de moeda de D. Fernando I, um monarca “de gentil presença, clemente e generoso”, mas dotado de “carácter volúvel e ambicioso”, como recorda Aragão.
O primeiro Real, uma moeda em prata, terá sido lançado em 1380. Na sua obra, Teixeira de Aragão refere-se ao Real como uma moeda com quinas no centro de seis arcos, “tendo três pontos na junção destes, e um sobre quina superior”. As ambições ao trono de Castela levaram D. Fernando a fazer diversos acordos com outros monarcas e que envolveram até o envio de ouro e prata cunhagem de moeda. Foi o caso, por exemplo do acordo com o rei de Aragão. As guerras com os castelhanos esvaziaram os cofres do reino e o monarca foi obrigado a aumentar os preços para angariar receitas. A resposta foram várias revoltas populares. A sua morte provocou uma crise política pois foi a mulher, D. Leonor Teles, próxima dos castelhanos, que ficou com a regência do reino. Esta decisão abriu uma crise em Portugal que só viria a ser resolvida pela ação de D. João I e de Nuno Álvares Pereira.
O rei D. Fernando subiu ao trono com 22 anos. Fernão Lopes referia-se a este monarca nos seguintes termos: amava a justiça, era prestador e muito liberal; fez muitas doações de terras, amou muito o povo e trabalhava de o bem reger; todas as coisas que mandava fazer eram fundadas em boa razão e justamente ordenadas; desfaleceu quando começou a guerra e nasceu outro mundo muito contrário ao primeiro.
No âmbito da numismática portuguesa é considerado como um dos mais importantes, quer pela quantidade de cunhagens, quer pelo estilo que adotou. O Gentil, uma das moedas de ouro cunhadas no reinado de D. Fernando I, é próxima do Florim, criado na Europa em 1253.