Moeda Rara - Gentil

 

A moeda Gentil veio substituir a Dobra Pé-Terra quando o rei D. Fernando sentiu o aumento da inflação que a guerra de Portugal com Castela provocou, alterando o valor das espécies monetárias. Embora pelo estilo as duas moedas possam ser semelhantes, o Gentil não cabe no tipo monetário em que se inserem as dobras, pelo baixo peso que lhe foi atribuído, de moeda que iria continuar em desvalorização. Visualmente é muito atraente, de excelente desenho e bom relevo, situando-se entre as mais belas da monarquia portuguesa. No anverso o rei está figurado em corpo inteiro, à frente do trono, com a coroa e a espada. O reverso apresenta no campo as cinco quinas envolvidas por oito castelos, dispostos num desenho circular muito característico.

 

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O tipo foi, durante as diferentes emissões, muito afetado pela subida do valor do ouro, do que o cronista Fernão Lopes entendeu deixar um relato sucinto, que não temos em relação a outros tipos: "Fez outra moeda de ouro a que chamavam gentis de um ponto, valendo quatro libras e meia, e depois outros gentis de dois pontos, de mais pequeno peso, do valor de quatro libras a peça, e depois outros terceiros que valiam três libras e meia e depois lavrou os quartos que valiam três libras e cinco soldos". Tem-se procurado distribuir por estas emissões os raros espécimes conhecidos, classificando-os quer pelos pontos figurados no campo ao lado do braço do rei, quer pelos pontos dentro de aneletes, que nalgumas moedas aparecem no braço do trono e noutras a ladear a letra indicativa do local da cunhagem, o que, todavia não tem resultado. A chave do problema só deverá encontrar-se quando um número razoável de exemplares for analisado quanto ao respetivo teor de ouro.