Moeda Rara

Justo

Uma moeda única para um rei único. Assim se pode resumir a apresentação do Justo, moeda de ouro cunhada por um dos monarcas portugueses que deixou um legado único aos seus sucessores: o caminho aberto para a expansão marítima que levaria Portugal a ser uma das primeiras potências globais da História. A moeda é um testemunho da política centralista de D. João II (1481-1495). Mostra-nos o rei sentado no trono, com manto e coroa, segurando a espada ao alto.

 

O Justo é também um símbolo do Portugal poderoso que estava a nascer. Aliás, esse é o “espírito” de um excerto de uma carta que o rei D. João II enviou aos Corregedores de Justiça, Vereadores e Procuradores para justificar a criação de uma nova moeda: “…acordámos de mandar lavrar…moeda de oiro, cruzados de lei e peso e valia como os que El-Rei meu Senhor e pai…fez, por ser moeda nobre e rica e mui cursável que por todo o mundo tem crédito e sua valia mui certa”.

 

A moeda foi batida em pequenas quantidades e por isso poucas chegaram aos nossos dias. Com duas Casas da Moeda ativas no reino, em Lisboa e no Porto, o Justo foi criado para prestígio e orgulho do reino. A assinatura do Tratado de Tordesilhas, o início das expedições em África, a construção de uma feitoria portuguesa em São Jorge da Mina e uma política de reforço do poder real – o rei era o centro do poder e isso ficou bem expresso na forma como foi proposta, nas Cortes de Évora, em 1481, uma nova forma de juramento - marcaram o reinado de D. João II.

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Diogo Cão, Pêro da Covilhã e Afonso de Paiva são alguns dos nomes que ficarão para a história deste reinado devido às suas incursões em África. D. João II ampliou a política de descobertas e conquistas, iniciada em 1415 com a conquista de Ceuta, direcionando-a mais para sul do continente africano, tendo chegado ao Congo, onde tentou estabelecer um reino cristão. Também mandou emissários por terra para chegar à Índia.

 

A assinatura do Tratado de Tordesilhas, com os reis de Espanha, foi um dos momentos altos do reinado de D. João II pois, ao exigir que a linha divisória que separava os impérios português e espanhol fosse traçada a 370 léguas a ocidente de Cabo Verde, demonstrava que já saberia da existência do Brasil, descoberto em 1500 por Pedro Álvares Cabral.