Moeda Rara

Tornês

Chama-se Tornês e foi a primeira moeda de prata portuguesa. Cunhada no reinado de D. Dinis (1279-1325) tem no anverso uma cruz composta por cinco escudetes e, no verso, uma cruz dos Templários, ordem cujo património foi integrado na Ordem de Cristo por iniciativa do monarca. Na obra “Descrição Geral e Histórica das Moedas Cunhadas em Nome dos Reis, Regentes e Governadores de Portugal” Teixeira de Aragão refere que apresenta as inscrições “DionisII Regis Portugalie et Algarbi”, com as quinas, “com as cinco arruelas cada uma”, e “Adiutorium Nostrum In Nomine Domin-Qui Fecit Celum Terram”, esta “escrita em dois círculos, orlada com dois filetes; no centro uma cruz equilateral”.
 
Moeda rara, cunhada num reinado sobre o qual não existem muitas informações sobre a emissão de moeda, o Tornês foi influenciada pela “Grous Tournois”, moeda de Luís IX, de França. No leilão 75, realizado em setembro de 2008, a Numisma levou à praça um Tornês em excelente estado de conservação que foi vendido por 7.500 euros. Teixeira de Aragão desvalorizou as teses que chegaram a atribuir a cunhagem desta moeda ao filho de D. Inês de Castro e de D. Pedro I, o infante D. Dinis, “quando pretendeu a coroa de Portugal”, rivalizando com D. João, Mestre de Avis e futuro D. João I. Aragão refere que os argumentos apresentados “nada produzem. Se falta documento para poder ser atribuído a D. Dinis, também não existe o que a deve considerar fabricada pelo antagonista de D. João I, nem tem aparecido o mais insignificante indício dele haver cunhado moeda”.
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O rei D. Dinis também cunhou Dinheiros em bolhão e no início do seu reinado correram vários tipos de moedas. De novo, citando Teixeira de Aragão: “No começo deste reinado correram os dinheiros portugueses, as mealhas, morabitinos de oiro e como moedas de conta os soldos e as libras. Além destas, um documento do ano de 1261 menciona os dinheiros de prata e pretos de Castela, os leonezes, os turnezes grossos, turnezes pretos e mealhas parisis, os mergulhezes, stellingionezes, dobras de Marrocos e Alamy, e dobras grandes e pequenas de Fernando.
 
Monarca mais dado à economia e às artes do que à guerra – embora nos últimos anos do seu reinado tenha enfrentado conflitos com o irmão e o filho – desenvolveu uma política de estabilidade monetária e impulsionou a economia, principalmente a agricultura, tendo ficado conhecido como O Lavrador. Promoveu a extração de vários minérios, a criação de feiras e o desenvolvimento da marinha. Assinou um tratado de comércio com a Inglaterra e revolucionou a agricultura, cuja exploração estava maioritariamente na posse das ordens religiosas. Facilitou a distribuição de terras pelo povo e fomentou o aparecimento de novas aldeias.
 
Foi poeta e fundou a primeira instituição universitária do reino. Como refere o site da Universidade de Coimbra “ao assinar o “Scientiae thesaurus mirabilis”, D. Dinis criava a Universidade mais antiga do país e uma das mais antigas do mundo. Datado de 1290, o documento dá origem ao Estudo Geral, que é reconhecido no mesmo ano pelo papa Nicolau IV. Um século depois do nascimento da nação, germinava a Universidade de Coimbra. Começa a funcionar em Lisboa e em 1308 é transferida para Coimbra, alternando entre as duas cidades até 1537, quando se instala definitivamente na cidade do Mondego”.