Moeda Rara

Dobra 1728

Na numismática portuguesa o rei D. João V (1706-1750) quase dispensa apresentações. As suas moedas, que refletem a opulência de um reinado muito suportado pelo ouro do Brasil, são conhecidas em todo o mundo e disputadas por investidores e colecionadores que apreciam a exuberância da moeda joanina.

A Dobra 1728, cunhada em Lisboa, é um excelente exemplar daquela que é considerada como a data mais rara de todas moedas deste tipo cunhadas na capital do reino durante o reinado de D. João V. Trata-se de uma moeda excecional que se apresenta em excelente estado de conservação. Em Portugal, o monarca cunhou moeda em Lisboa e no Porto e no Brasil usou as da Baía, Rio de Janeiro e Minas Gerais.

Entre as moedas cunhadas no seu reinado encontramos a maior moeda de ouro conhecida até hoje: a Dobra 24 Escudos, com o peso de 86 gramas. Muitos dos cunhos usados na numária de D. João V tiveram origem em desenhos do pintor Francisco Vieira Lusitano. As suas moedas de ouro estão hoje entre as mais belas do mundo, destacando-se, por exemplo, o Dobrão, o Meio-Dobrão, a Dobra, a Peça, a Meia Peça, a Moeda e a Meia-Moeda.

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Para Teixeira de Aragão o reinado de D. João V foi um “misto de riqueza, ostentação, fanatismo e imoralidade, com o predomínio da nobreza e do clero sobre as leis e o povo”. Alberto Gomes diz que durante este reinado “entraram em Portugal, provenientes das minas de ouro e diamantes do Brasil, incalculáveis riquezas, porém nunca as aplicou no desenvolvimento do País, tendo esbanjado milhões de cruzados em doações a igrejas e mosteiros e em prodigalidades insensatas”.

Além das moedas de ouro o rei deixou ainda a sua marca em diversas obras que são hoje ícones do património português. Os melhores exemplos são o Convento de Mafra, o Palácio de Queluz e o Aqueduto das Águas Livres. D. João V instituiu ainda a Academia Real da História Portuguesa e impulsionou o aparecimento de bibliotecas em locais como Mafra e Coimbra.